Pão e Leite distribuídos para minorar condições de insegurança alimentar na São José conta com parceria da ASA
O
milagre da divisão do pão continua no mundo contemporâneo e está mais perto de
nós do que imaginamos, graças aos corações generosos dos novos santos que
aprenderam os caminhos do Mestre. Na Paróquia São Pedro Pescador, a caridade é
uma ação concreta por meio do Programa Pão e Leite que há 13 anos em parceria
com a Ação Social Arquidiocese (ASA) da Arquidiocese da Paraíba, vem minorando
as condições de insegurança alimentar de 40 famílias na comunidade São José em
Manaíra.
O programa funciona no Centro Pastoral Nossa Senhora
Aparecida, na própria comunidade, localizada à Rua Professora Gláucia Maria,
por trás do PSF da comunidade, onde de 3ª a 6ª feira, diariamente são
distribuídos 100 pães e 20 litros de leite de soja às famílias cadastradas no
programa.
A logística da entrega também mobiliza quatro paroquianos
da Paróquia São Pedro Pescador que se revezam diariamente para o transporte do
alimento na sede da produção em Jaguaribe até o local da dispensação, onde o
destino final é feito por pessoas da própria comunidade.
A maioria dos beneficiários é idosa, como a aposentada
Maria da Luz da Silva, 84 anos, usuária desde o início do programa, e tem
servido para aliviar a fome, tontura e dores, consequências da artrite e
artrose, segundo relatou.
Já virou rotina da aposentada: pegar o pão e leite, repartir a doação com os netos, tomar um copo do laticínio e dar umas voltas no quarteirão em companhia da cachorrinha Lili para se exercitar.
A mesma proeza de dividir os pães e quase 1 litro de leite, quando não aparece muitos beneficiários, também é feita pela dona de casa, Ana Maria Ferreira da Silva, moradora do Condomínio Novo São José que alimenta os quatro netos, e às vezes, a filha única, que toma um pouco do leite antes de ir para a lida, fazer as faxinas que aparecem.
Com a aposentaria do esposo mais o Auxílio Brasil, consegue ajudar a filha que é separada, pagar a conta de água e prover o alimento para a casa. “O pão e leite vem para complemento do café da manhã. Os dias que não tem, tomo o café preto, apesar de ser ruim para a labirintite que tenho e outros problemas de saúde”, relatou.
Emocionada, contou que ao receber uma quantidade menor do leite, pois recebe um pouco mais quando a demanda diminui, não hesita em tirar da sua própria boca, para priorizar o neto. “Muitas das vezes, Deus sabe, não tenho vergonha de dizer, eu deixo de tomar para dar para o meu neto. Divido com eles pois hoje em dia as coisas são tudo caras”, desabafou.
Se São João Paulo II falava que o mundo precisa de santos de calça jeans, a coordenadora do programa na São Pedro Pescador, Débora Mindello, começou usando sapato alto para atravessar as pontes de madeira, subir e descer as ladeiras na comunidade São José, para seguir os caminhos da caridade, inspirados pela ex paroquiana, Joseth.
“Não tinha a mínima noção do serviço ao atender a agenda articulada por Joseth, responsável pela interação com a comunidade. Muitas vezes ia de sapato alto e chegava a enganchar nas pontes de madeiras do bairro”, lembrou Débora.
Ela informou que antes do Pão e Leite, começou a se engajar nos projetos sociais da paróquia há 22 anos quando veio morar em Manaíra, a partir de um chamado após uma missa. Na época, o líder religioso era o Padre Leôncio Júnior que a apresentou Joseth e a Pastoral da Solidariedade.
A referida pastoral prestava o serviço na Casa da Solidariedade, um equipamento público da prefeitura, cedido por quase 17 anos, onde um pequeno espaço servia para a execução da Pastoral da Criança, como também distribuir sopa aos moradores carentes. “A cessão do espaço foi encerrado no ano passado e lá também funcionava e funciona o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro”, disse.
Antes de chegar em Manaíra, Débora já carregava a semente da vocação para o serviço cristão em Miramar, onde atuou como catequista.
Ela lembrou que o Centro Pastoral Nossa Senhora Aparecida foi fruto de doação do Padre Luiz Well, que com uma herança comprou três casinhas, vendeu duas e cedeu uma para a paróquia, onde inicialmente, foi confundida pela comunidade São José como associação de moradores e serviu de lugar até mesmo de funerária.
“Joseth era a articuladora de todos os projetos sociais. De Chatuba a Chatubinha conhecia toda a área do São José. Me sentia motivada para a caridade, serviço e doação ao próximo, e a Pastoral de Criança nos trouxe muita experiência de vivência”, disse Débora.
Hoje, como funcionária pública aposentada, confessa que não tem a mesma energia e vem se dedicando mais a família.
A psicóloga Maria Lúcia Neves também recebeu influência de Joseth para o serviço da Pastoral da Solidariedade que executava outros projetos como o brechó e a distribuição das cestas básicas aos moradores também da comunidade São José. “Nós somos aprendizes de Joseth que também inspirou minha mãe”, lembrou.
Além do Programa Pão e Leite, há seis meses o Centro Pastoral Nossa Senhora Aparecida também faz a entrega semanal de mungunzá para 30 famílias, sempre nas quintas-feiras, a partir das 16h00. Cada família recebe em média três pratos da iguaria nordestina. “Na Casa da Solidariedade também já foi servido um sopão três vezes por semana, mas por inviabilidade financeira não tivemos mais condições de continuar”, disse Lúcia.
“O brechó que funciona no porão da Paróquia São Pedro Pescador tem sido um grande apoio para muitos projetos sociais”, destacou Lúcia.
As pessoas que se sentirem chamadas para servir são convidadas ao serviço voluntário da Pastoral da Solidariedade na Paróquia São Pedro Pescador. Se não tiver como desempenhar de forma direta, pode ser feito de maneira indireta com a doação de cestas básicas, itens de uma cesta básica ou ingredientes para o mungunzá, como leite, leite de coco, açúcar e milho próprio usado no prato.
As doações podem ser feitas na sede da paróquia.



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